A saudade só chega quando algo deixa de estar.
A saudade só é pela falta de ser de algo ou de alguém.
Disse meu filho com a tenra idade de sete anos: saudade é a falta do outro! Sintético.
Saudade é o que o sol sente da lua durante toda a vida.
Complemento:
Saudade é ausência.
O resto é presença.
Saudade é o passado longínquo, o futuro distante, o presente que não se quer deixar passar.
O amor que não se alcançou.
O desejo que já se frustrou.
O cheiro que alguém te deixou.
A morte que não se curou.
A vida que não se viveu. Ou a que se viveu, mas que não se esqueceu.
Saudade é do que não se tem.
Saudade não vale nem um vintém. Saudade só tem valor para aquele que tem.
Saudade é a da mãe, te chamando para comer, tomar banho e ir para a escola.
Com ou sem elegância.
É fralda, chupeta e infância.
É ter sede e nunca a conseguir matar.
É possuir a ausência.
É sentir vontade com ou sem decência.
É o brilho nos olhos ao lembrar.
É a boca seca ao falar.
É a cabeça tonta para pensar.
Saudade é desconectar os sentidos.
É dormir de dia e não dormir à noite.
É ler um poema e lembrar de um lugar.
Escutar uma música e sentir um cheiro.
Ver um filme e sentir um gosto.
Saudade se vê e se mostra no rosto.
Mas atenção:
A saudade só é quando começa a falta.
Se não faltar, não é saudade. É desejo ou lembrança.
Saudade não acaba, dá lugar a outra.
Poesia interpretada por Glória Pires: